De acordo com o Monsenhor Piero Coda, membro da Comissão Teológica do Sínodo, as palavras do Santo Padre insistem na sinodalidade e participação: “Não é uma escolha de democratização, mas uma questão de identidade profunda”, disse, em entrevista ao Vatican News.
Durante a abertura do Sínodo, no Sábado, 9 de Outubro, o Papa Francisco afirmou que o processo sinodal “não é um parlamento, não é uma investigação sobre opiniões”, ideia reiterada no dia seguinte, quando explicou que o Sínodo também não é uma “convenção”, uma “conferência” ou um “congresso político”.
De acordo com o Monsenhor Piero Coda, membro da Comissão Teológica do Sínodo, as palavras do Santo Padre insistem na sinodalidade e participação: “Não é uma escolha de democratização, mas uma questão de identidade profunda”, disse, em entrevista ao Vatican News.
“Corre-se o risco de pensar que fazer brilhar a sinodalidade na vida da Igreja significa abrir-se a uma espécie de democratização, onde o jogo da maioria e da minoria é quem decide. Mas não, não é assim. A Igreja é um evento do Espírito Santo e o verdadeiro protagonista do Sínodo é o Espírito Santo que – como sempre diz o Papa Francisco – harmoniza as diferenças, as reconcilia, converge-as na unidade que é o próprio Cristo, vivo e presente na sua Igreja”, explicou o o Monsenhor, insistindo que um procedimento sinodal realiza-se com “um Povo de Deus a caminho, uma sinfonia de diversidades que convergem na unidade para servir ao mundo”.
Sobre o incentivo do Papa Francisco à oração de Adoração, Mons. Coda referiu que o Pontífice deseja lembrar a todos que “a vida em Cristo é abrir o coração e a mente de cada um à escuta da voz do Espírito, à adoração do rosto de Cristo”.
O responsável referiu ainda o Sínodo como “o evento eclesial mais importante e estratégico depois do Concílio Vaticano II”.
“Hoje, depois de um caminho no qual encontramos novas energias e ganhamos experiência, estamos prontos para dar mais um passo. Hoje, podemos fazer com que se torne vida, em todas as expressões da comunhão e missão da Igreja, aquela participação no mistério de Cristo em que estamos inseridos na graça do Baptismo. Portanto, fazer um Sínodo sobre a sinodalidade não significa fazê-lo sobre um tema como tantos outros, mas sobre a identidade mais profunda da Igreja como comunhão e missão que se torna concreta, historicamente incisiva quando participada por todos”, explicou, dizendo que é necessária atenção a todas as pessoas, sobretudo às abandonadas e às que se encontram nas actuais “periferias existenciais e espirituais”.
Sobre a participação, a que o tema do Sínodo alude desde logo, Monsenhor Coda explicou que o Papa Francisco deseja sublinhar que não se trata apenas de uma opção, mas antes de uma “questão de identidade profunda”.
“Nós, de facto, participamos do único mistério de Cristo, somos co-herdeiros de Cristo – diz o Novo Testamento – do infinito dom de amor que o Pai nos dá no Espírito Santo. Portanto, ou colocamos em acção esta participação na vida da graça da fé e do amor, na esperança de Cristo, ou não somos completamente o que deveríamos ser pela graça do nosso Baptismo. Portanto, é uma questão de identidade e não simplesmente de cosmética eclesial”, sublinhou.
O responsável não nega, no entanto, que nem todos os baptizados se tenham, até agora, envolvido na vida Igreja, ou visto as suas vocações valorizadas.
“Mesmo que houvesse grandes santos, grandes movimentos de renovação espiritual, eram expressões que não envolviam plenamente todos os membros do Povo de Cristo. Com o Vaticano II falamos da vocação universal à santidade, todos temos a mesma dignidade como Povo de Deus, portanto o momento histórico, os Kairòs, como diz Jesus no Novo Testamento, ou seja, o momento de Deus, é precisamente isto. Devemos procurar abrir-nos à acção do Espírito que torna todos corresponsáveis na primeira pessoa por este grande evento de graça que é o facto de a Igreja estar no mundo para a salvação de todos”, indicou.
O Monsenhor Coda elogiou ainda a nova “dinâmica processual do caminho”, sublinhando ser esta a primeira vez em dois mil anos de história da Igreja que um evento destes “é chamado a envolver todo o Povo de Deus”.
“Acredito que devemos agradecer a Deus, comprometer-nos com extrema responsabilidade, para que ninguém fique a olhar pela janela e para que não seja uma oportunidade perdida”, pediu.